11 maio 2009

Artigo da Psicóloga Luciana Leis

Dia das Mães e infertilidade: cultivando o sonho

É véspera do Dia das Mães e o tom melancólico na fala das muitas mulheres que batalharam pelo objetivo de um filho revela uma coisa só: “Mais um Dia das Mães chega e o bebê não veio!”. Em meio aos muitos pensamentos... questionamentos: “Quando ele virá?”; “O que acontece comigo que não engravido?”; “Será que engravidarei um dia?”; “E se isso não ocorrer?”.

Essas são algumas das muitas perguntas sem respostas que a maioria das mulheres que vivencia essa dificuldade faz a si mesma; além disso, noto, nos atendimentos que realizo, que quanto maior o tempo de infertilidade menores ficam as esperanças de ver o sonho realizado um dia: é como se o sonho fosse ficando cada vez mais distante ao perceberem que tanto tempo se passou e nada ocorreu.

A vivência de frustração e tristeza costuma se intensificar nessa época e, em decorrência desses sentimentos, percebe-se a tendência ao negativismo, prevalecendo o pensamento de que nada dará certo. A infertilidade fragiliza a mulher, mexendo com sua autoestima e a fazendo acreditar que não é capaz de ser mãe em função dos diversos “nãos” a cada mês.

Desta forma, a crença interna nesta incapacidade de gerar pode dificultar ainda mais a gravidez, uma vez que escreve no psiquismo um “não” no lugar de um “sim” para o filho. Exemplo disso são as gravidezes que ocorrem de forma espontânea depois da conquista do primeiro bebê, após várias tentativas de tratamento, ou após adoção.

Assim, acredito que um dos desafios da mulher que apresenta dificuldades para engravidar é continuar acreditando que pode ser mãe, seja pela via “natural” ou por outros caminhos que ela consiga abrir para chegar ao seu objetivo.

O trabalho interno visando melhorar a autoestima ajuda no enfrentamento desse processo, uma vez que é preciso também olhar para as conquistas da vida em meio ao tempo de espera pelo filho; ao se dar conta de tudo que já realizou, a mulher pode construir uma autoimagem de pessoa mais forte e que pode lidar com dificuldades.

No atendimento a casais que vivenciaram muitos anos de infertilidade até a chegada do filho, percebo que, para eles se manterem estruturados, existiam outras fontes de investimentos das quais colhiam resultados enquanto o bebê não vinha (como trabalho, cursos, negócios, lazer etc.).

Além disso, noto também que a religiosidade, a fé e a troca de experiências com pessoas que vivenciaram essa dificuldade ajudam a manter a crença interna de que o filho em algum momento será possível, mantendo assim a esperança que impulsiona a realização do sonho.


fonte: http://claudiacollucci.blog.uol.com.br/

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