18 outubro 2007

Filhos

Cláudia, 40, dá luz ao 18º filho
Parece ficção, mas não é. Ela se chama Cláudia, tem 40 anos e deu à luz Adriely no último sábado. E pasmem: é o 18º filho dessa ex-gari. O bebê nasceu em Jundiaí (SP), com 2,8 quilos e 47 cm. Cláudia conta ter passado por 27 gestações _com nove abortos espontâneos. Só agora foi submetida a laqueadura.

Alagoana, Cláudia teve o primeiro filho aos 11 anos, em Palmeiras dos Índios (139 km de Maceió). Doze dos seus filhos vivem em Alagoas com familiares e ela não os vê desde 2001. Duas meninas foram adotadas.

A mulher vive em uma casa de dois cômodos em Várzea Paulista (63 km de São Paulo), com três filhos _com 12, 6 e 3 anos_ e agora a bebê. "Dormimos eu e mais duas crianças na mesma cama. Não temos geladeira e a TV é emprestada", disse Silva à repórter Renata Baptista, minha amiga.

O pai da caçula é um vizinho de 15 anos, amigo do filho de 12 anos de Silva. "A família dele está ajudando, mas não estamos mais juntos", afirma. Os outros três pais de seus fi­lhos não contribuem com as despesas.

Ela diz que até o 17º filho, nada sabia sobre os métodos anticoncepcionais, mas que, mesmo sabendo, o 18º "escapou". Agora, Cláudia diz que o maior desejo é ter um emprego para criar os filhos. "Tem dia que eles voltam da escola e não tenho nada para dar. Queria falar com o Gugu [apresentador do SBT] para ver se ele me arrumava um emprego."

Cláudia, minha xará, você pertence à minha geração, embora nossas vidas tenham tido trajetórias diferentes. Aos 11 anos, quando você paria seu primeiro bebê, eu ainda, muito provavelmente, brincava de bonecas. Aos 18, quando você já tinha engravidado ao menos meia dúzia de vezes, eu estava na faculdade e, ao mesmo tempo, já trabalhando como jornalista. Você passou quase 15 anos da sua vida grávida. E passei quase 15 anos da minha vida estudando, trabalhando, viajando o mundo, namorando.

E, neste período, não sobrou muito tempo para pensar em bebês. Quando a vontade chegou, a vida resolveu colocá-la à prova, com abortos e dificuldade de gravidez. Porém, não lamento nada disso. Creio que, desde então, essas dificuldades me trouxeram humildade, perseverança e fé. Já não peço mais a Deus uma gravidez bem-sucedida, peço a bênção da maternidade, seja ela de que forma for.

Sei que, provavelmente, você não lerá esta mensagem, já que não tem computador e mal sabe ler e escrever, mas, na minha meditação de hoje à noite, vou mandar uma mensagem para você: cuide de Adriely da forma como você nunca conseguiu cuidar dos seus outros filhos. Batalhe, sim, por um emprego, mantenha contato com seus outros filhos e comece uma nova vida de mãe aos 40. Um beijo, sua xará Cláudia.

Concordo totalmente com a Claudia Collucci(http://claudiacollucci.blog.uol.com.br/)! Estamos na mesma situação...

3 comentários:

Anônimo disse...

Não podemos olhar a vida dos outros com nossos olhos senão será anacronismo, cada pessoa tem sua história, sua cultura, falar porque você não fez isto ou aquilo é facil.

Anônimo disse...

Pode ter certeza Wilson que falar o porquê, muitas vezes, não é fácil. Entendê-lo também é difícil.
Entretanto, compreendo o comentário da Claudia Colluci e da Esileda.
Compreendo com a sensibilidade de quem já esteve na mesma situação e que as virtudes da humildade, perseverança e fé só afloraram após as dificuldades e sofrimento.
Por isso é importante manter-se serena e esperar.
Sempre esperar.

Esileda disse...

Wilson, acho que a Claudia como eu, apenas tentamos comparar as diferenças de vida, criação etc, etc, que esta senhora teve até agora como a nossa (pois somos mulheres tentantes)e não simplesmente julgá-la, afinal, quem somos nós pra julgar alguém...